Lei# 13 da Agrofloresta - USE PLANTAS QUE NÃO PRECISAM DE ADUBO
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Lei# 13 da Agrofloresta - USE PLANTAS QUE NÃO PRECISAM DE ADUBO


agrofloresta
Culturas exigentes como banana e milho, acompanhadas de plantas menos exigentes como mamona, andu, sorgo, palma, são joão.

Eu adoro mamona. É uma das minhas plantas preferidas e, no entanto, é odiada por tantas pessoas. É odiada justamente por suas qualidades: rústica, agressiva, vigorosa, adaptável. Ela cresce sem adubo.


Você deve adubar o seu solo quando iniciar a sua agrofloresta, para criar condições satisfatórias para as suas culturas, que são plantas exigentes, mas lembre-se que o adubo não vai melhorar o seu solo, ele é apenas uma medida paliativa para amenizar momentaneamente o problema do solo degradado. Ao mesmo tempo que aduba, você deve desencadear processos que vão enriquecer de maneira duradoura o seu solo. Esse processo é realizado pela interação solo-planta-microrganismos-fauna, ou biocenose.


Todo organismo no solo trabalha para tornar o ambiente mais rico e capaz de sustentar formas de vida mais exigentes. Isso se chama sucessão ecológica. Uma planta mais rústica melhora as condições para que uma planta menos rústica possa prosperar.


Quando você inicia uma agrofloresta em determinada área deve analisar quais as condições atuais de solo e observar quais plantas podem crescer ali sem apoio de insumos externos, ou seja, adubos e irrigação. Estas plantas não podem faltar no seu sistema. Elas são aquelas que vão carregar a sucessão ecológica nos seus estágios iniciais. Elas vão realizar o primeiro trabalho de melhorar as condições para que outras plantas, mais exigentes, possam ali prosperar.


Mesmo adubando bem para ter a gratificação de colher mamão e banana, berinjela e tomate, quiabo e abobrinha nos primeiros anos, você deve inserir aquelas espécies que cresceriam ali sem a sua ajuda. Não pode deixar de fora os eucaliptos, acácias, feijão de porco, feijão de corda, mutamba, aroeiras, mamona, algodão, sisal, palma, margaridão, mucuna preta, mandacaru, camboatá, casuarina e tantas outras espécies que, dependendo de onde você se encontra, prosperam sempre e criam melhores condições para as outras.


Lembre que o propósito de uma adubação é desencadear um ciclo de enriquecimento. Como Ana e Artur Primavesi sabiamente escreveram em “A Biocenose do Solo na Produção Vegetal”:


“Mudando a sociedade vegetal, pode-se concluir que mudou o solo, e a floresta ou o pasto entram em declínio. Com a introdução de plantas, ainda adaptáveis a esta sociedade, mas já constituindo o último elo de uma sociedade superior, melhora-se a fitossociedade e com ela, o solo


Cada espécie alimenta uma comunidade de microrganismos específica para si e é ESTA interação que enriquece o solo. Plantas pertencentes a ecossistemas de maior abundância irão nutrir outra comunidade de microrganismos, não adequada para realizar o trabalho necessário neste estágio do seu sistema (e justamente por isso necessitam dos adubos).


Portanto, adube sim para ter colheitas logo e colheitas boas, mas não se esqueça de que o enriquecimento verdadeiro do solo se dá pela sua biocenose, ou seja, pela interação plantas – solo – microrganismos – fauna.


Use plantas que não precisam de adubo.

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